Quando Tudo Sobe Nada Protege

Recentemente, participei do podcast B2Cast e o prof. Jorge Ferreira, que conduzia a entrevista, soltou a seguinte pérola, após minha afirmativa de que os jovens de hoje só sabem operar mercados em alta: “quando cai, faz o quê? Vira o monitor de cabeça para baixo?”. Risos gerais…

Esse ponto tem me causado muito incomodo. Nos dias presentes, os mercados de risco (bolsas, criptos, ouros, juros), em sua maioria, só têm apresentado uma direção: para cima.

Queria, então, trazer um dado muito importante aqui: a correlação entre os rendimentos dos títulos de 30 anos americanos e o S&P 500 está positiva há vários meses, numa sequência não vista desde o período entre 1992 e 1995. Para ser mais específico, um estudo recente da FS Investments aponta que a correlação de 30 dias entre o S&P 500 e um índice abrangente de títulos dos EUA atingiu 0,67, o maior nível em mais de 75 anos.

Em outras palavras, ações e títulos têm subido juntos, mais especificamente em grande parte de 2025. Sob essa ótica, esse movimento sugere que os títulos não funcionarão como proteção se as ações caírem, como aconteceu algumas vezes, notadamente em 2022. Mas não é só!

O risco de concentração também aumentou, especialmente se focarmos nas chamadas “Sete Magníficas” (Apple, Microsoft, Google, Nvidia, Tesla, Amazon e Meta) do setor de tecnologia americano. Nvidia, por exemplo, tem hoje valor de mercado de U$ 4 trilhões, uma vez e meia o tamanho do PIB brasileiro. As sete juntas atingiram U$ 18 trilhões essa semana. Enquanto isso, o rendimento dos treasuries de 30 anos superam os 5% a.a. Algo, aqui, não conjumina…

Esse desalinhamento entre fundamentos e preços deveria, no mínimo, gerar cautela. Quando o custo do dinheiro, refletido nas taxas longas de juros, sobe de forma consistente, ativos de risco tendem a ser reprecificados em algum momento. Entretanto, o que se vê é uma espécie de euforia seletiva, onde poucos papéis carregam a maior parte dos ganhos (quase 40% do S&P 500 vêm das sete magníficas), e o investidor parece anestesiado quanto aos riscos embutidos nesse comportamento.

A verdade é que a história nos ensina que esses momentos de correlação positiva entre ações e títulos são raros e, quando ocorrem, normalmente não terminam bem. Mas, os jovens operadores, não viveram a história como eu; alguns tampouco a estudaram.

Finalizo afirmando que é como se estivéssemos em Nárnia, numa espécie de “Goldilocks 2.0”, em que tudo parece perfeito demais para ser sustentável: crescimento, inflação sob controle (ela não está!), lucros em alta e múltiplos esticados, convivendo com juros elevados. Mas essa combinação, a meu juízo, tem prazo de validade. Caso ocorra uma reversão no apetite por risco ou um choque inesperado (existem razões geopolíticas, fiscais, monetárias e guerra comercial) os investidores poderão se ver sem porto seguro. E aí, como disse o professor Jorge, não haverá monitor virado que resolva.

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